Caros amigos
A curva do
Café, entrada da nossa "curva reta", é uma delícia porque arrepia a espinha. Ao
longo do tempo, com mais laps, percebo que ela é nossa Eau Rouge. Um mito. Cada
vez que a venço com o Puma descolando do asfalto, sorrio. Consegui.
Mas minha arrogante manifestação de
coragem agora é secundária.
Automobilismo é perigoso, muito
perigoso. Em Interlagos, temos lugares piores, como o bico do muro na entrada
do box. Lá, faço o sinal da cruz.
A curva do Café é perigosa na disputa, no
toque entre os carros. Seu perigo está no ricochete, bater no muro e voltar
para a pista.
Nos dois últimos anos, tivemos
acidentes graves naquele ponto, não podemos ignorar.
Então decidimos agir. Após muitas
discussões, visitas e reuniões, decidimos fazer uma correção técnica. Duas alternativas
apareceram: fazer uma área de escape que assegure que o carro desgarrado lá
fique ou realizar uma variante para ser usada em provas em que o perfil dos
carros e pilotos ofereça este risco.
Mas com o
velho espírito brasileiro, pressionado pela opinião dos que acham que
qualquer coisa é melhor que nada, arregaçaram as mangas e fizeram... uma merda
de obra de engenharia.
Obras de
engenharia exigem estudos, cálculos e amadurecimento. Como engenheiro aprendi
na Velha Escola que em obra de engenharia que virou merda, somente demolindo e
fazendo de novo se elimina o cheiro.
Agora, voltou a discussão.
A prefeitura prometeu fazer uma área de
escape, afastando a arquibancada. Obra longa e cara e por isso não faz nada. Outras
alternativas são fazer uma variante à direita de quem sobe após junção (tem
espaço, vejam a foto), criando um cotovelo de frente para a arquibancada, ou
melhorar a "imelhorável" (Magri neologismo) variante já feita e usada na prova
da Stock.
O que fazer?
Defendo fazer o que pode ser bem feito e agora. Aceito as duas hipóteses: Afastar a arquibancada ou variante à direita. No íntimo, gosto mais da
variante porque alivia a velocidade e cria um local emocionante para o público.
Mas minha opinião não prevalece perante os engenheiros. Eles devem dar a
orientação final.
Devemos unir forças com a organização,
respeito e com seriedade levar a opinião dos praticantes de automobilismo ao
corpo de engenharia da Prefeitura de São Paulo em conjunto com a CBA. Sem
emoções. Temos um desafio de engenharia e assim deve ser tratado.
Vamos lembrar
a todos.
Interlagos é
uma praça de esportes, um templo mundial, com histórias que nos orgulham.
Batizamos uma estrada com o nome de nosso mais famoso piloto e estamos
transformando Interlagos, onde tudo nasceu, em um local de eventos de qualquer
natureza, priorizando a arrecadação municipal.
Interlagos precisa ser tratado como uma
praça de eventos do esporte a motor, criando um ambiente que permita aos paulistanos
o orgulho de tê-lo, com qualidade nas instalações, limpeza, volume de eventos e
incentivo ao público. Lá não é um Anhembi, centro de eventos comerciais e de
shows, mas sim um local especial, como são o Pacaembu e o Maracanã ao futebol
brasileiro.