terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Xuxinha" Zucarelli (parte IV) - "Xuxinha" vira D. Zucarelli

1º de maio de 94, domingo.
Estava ansioso por chegar.
Na terça, teria meu encontro com Ayrton.

Pousei em Guarulhos muito atrasado. voo de NYC havia demorado horas para decolar.
Enquanto aguardava as malas, liguei para casa e a Beth me avisou: Ayrton bateu forte.
Confesso que não fiquei preocupado. Talvez um braço quebrado. "Este cara está com azar este ano", pensei.

Mas quando cheguei em casa e vi a reprise da batida, percebi que era o fim. Horas depois, a confirmação: Ayrton está morto, dizia a médica italiana.

Liguei para Diogo e ouvi de um garoto de 12 anos:
- Tio, a gente entra na pista pronto para morrer. Vamos tocar nossa vida, a dele já foi.

Era o começo de um novo momento.
O encanto da fada madrinha acabou e com ele, o dinheiro.
A temporada de 94 e seguintes foram muito difíceis.
Como piloto oficial da Mini (o segundo da história, antes somente Nicastro teve esta honra), Diogo trabalhava duro para desenvolver os PCRs contra os Parillas.
Vieram algumas vitórias, garantidas no "braço".
Os motores frágeis trouxeram muitas poles, mas poucas vitórias.

Deste período, lembro dos treinos "secretos" com dois pilotos que o adotaram como mascote: Tony Kanaan e Rubinho.
Missão: treinar... porrada!
Tive a certeza de que piloto que acelera é maluco.

Lembro do período em que Max Wilson o orientava, atuando como coordenador de pista. A concorrência era forte.
Apesar de Massa ter trocado o kart pelos fórmulas, estavam na pista Danilo Dirani (Truck), Julio Campos (Stock), Cristiano "Tuka" Rocha (Stock) e Rafael Mattos( F-Indy), todos com o motor da época, o Parilla Evolution.

Então Diogo resolveu ir para os EUA tentar a sorte, mas ela não o abraçou, e teve de parar de correr. A vida tinha que continuar.

Anos depois, já em 2010, recebeu convite para participar da construção do kartódromo de Registro (SP), onde nasceu.
Para inaugurar, convidou a turma que hoje brilha no autódromo, além do Lucas Di Grassi. E foi nesta prova beneficente, o GP da Solidariedade, que Diogo reapareceu para o kartismo.


Na sequência, com peças emprestadas na última hora, venceu a 3ª edição do Super Kart Brasil (SKB) em Interlagos, o que rendeu um convite da TECHSPEED para ser o piloto oficial. Em 2011, venceu várias provas, incluindo a 4ª edição do SKB e algumas do paulista.


Atualmente, além de pilotar para a fábrica, lidera um projeto de inclusão social patrocinado pela CBA, o PARAKART, onde treina deficientes físicos.

Diogo Zucarelli, que já foi “Xuxinha”, hoje tem 29 anos. E a ele dedico esta história.

História que poderia ter sido diferente...
... Talvez um F1 driver.
... Se a Tamburello fosse reta,
... Se aquela terça tivesse existido,
... Se eu tivesse tentado mais... Se... Se....



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