quarta-feira, 21 de março de 2012

O psiquiatra no pit lane



Tenho um grande carinho pelo classic driver 63, o "brimo" Renato.
Somos vizinhos de rio lá nas terrinhas distantes, onde pela pouca água, temos muita guerra.
Renato e eu costumamos sentar no bar e filosofar. É uma conversa de doido, vocês podem imaginar: eu engenheiro falando com um psiquiatra.
Porque se vocês não sabem, atrás do volante do Passat 63, temos um "doutor psiquiatra".
Pois em um desses dias, um pouco antes da largada, vagando pelos boxes encontrei o doutor.
- Hei Brimo, vai botar a Puma na pista hoje?
Foi o sinal para eu despejar mil e um motivos para não correr de Puma, até que o doutor falou:
- Brimo, eu psiquiatra, você paciente. Cala a boca e escuta!
- Você tem que... e... e... e... Desandou a falar.
E eu ouvindo, ouvindo.

De orelha quente me despedi. No caminho para meu Box, de onde ia sair de Vee, refleti sobre o que Renato havia me dito. O que estava eu fazendo com minha paixão de pilotar o Puma? Por que estava abandonando o posto? Para quem eu devia resposta, a não ser para eu mesmo? Que raios de metas havia imposto ao meu lazer? Aquilo era diversão ou trabalho? 2:02 no mínimo?

Com um foda-se a todos em volta, coloquei meu Bell e saí para uma das provas mais felizes que já havia feito. Desta vez, foi de Vee. Sem troféu, sem aplausos. Passei e fui passado, não importa. Corri só para mim, pelo puríssimo prazer de acelerar.
Te devo uma consulta, doutor!
Talvez o "brimo" troque por um chopp. Merece dois. Ele, de pé no meio da graxa, enfiando o dedo no meu nariz, me ajudou a sorrir.
Mas só eu vi, foi debaixo da viseira.

Agradeço o Rodrigo Ruiz pela bela foto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário