terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O bundão e o Espron do campeão



Uma sexta feira, acho que no ano 2000, recebi um telefonema do Zeca:

- Marcelo, você comentou que queria andar no Espron para sentir o carro. Temos alguns para vender e queremos que experimente. Se gostar, damos um jeito. Venha para Brasília neste domingo, assista a prova conosco e depois você anda.

E lá fui, avião, pista, box, autódromo Nelson Piquet.

Quem me recebeu foi o Ruyter, sócio do Nelson na empreitada de criar e desenvolver a categoria.

- Marcelo, hoje o Nelson vai andar e depois da prova você usa o carro dele, ok?

Ops.

Aquele torpedo, chassi tubular, motor BMW, anel externo do autódromo de Brasília, carro do.. do... do Piquet, meu ídolo, meu máximo.

O F1 driver perfeito = Rapido E Comedor! O sonho do macho latino!

Para quem nunca havia sentado a bota num carro de corrida, saído do kart há pelo menos 20 anos?

Vai dar merda!!

E lá fiquei, no box com o campeão dormindo ao meu lado, esticado sobre a carenagem do seu... do meu Espron.

E minha cabeça a mil: "vou destruir este carro, não vou conseguir andar rápido, slick, anel externo, carro do campeão".

Ao meu lado, assim pertinho o suficiente para ouvir o ronco,  acordava, olhava, dormia, acordava, olhava, dormia. Um quase urso da montanha.

Vamos lá meu Deus, tá certo, eu só ia na igreja para jogar na quadra de futebol de salão, você tá certo, mas agora é uma emergência, não tá certo acertar as contas agora, isso é se aproveitar da situação.

Bandeirada, pau, uns vinte Espron levantando poeira, segunda, terceira, sei lá que volta, o MEU carro em terceiro, Ruyter no comando, tá chegando a hora.

Senti um tapa no ombro, ouvi: "vai ser só esta vez, na próxima tem que pagar penitência".

Uma pancada de chuva inesperada cai na curva da vitória, o líder roda, os que estavam embutidos vão juntos, o campeão não escapa, arregaça o MEU carro.

- Que azar, quebrou a rebimboca, não vai dar para andar hoje, você pode ficar para andarmos na terça - Diz Ruyter.

- Sabe, tenho uma agenda cheia, tenho que voltar, não vai dar não.

Olho pra cima, vejo um velhinho que sussurra: bundão!

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